Limitar e gerir a migração
Um ponto central da nova política de migração é a inclusão explícita da "limitação" da migração na Lei da Residência. Enquanto a anterior política de migração se centrava fortemente na integração e na responsabilidade humanitária, existe agora uma tónica adicional na limitação da imigração. Esta alteração assinala uma maior concentração na organização e gestão da migração.
A rejeição de requerentes de asilo nas fronteiras nacionais é uma questão particularmente controversa. Embora, até à data, os pedidos de asilo tenham geralmente sido objeto de um processo de recurso na Alemanha, no futuro deverá ser possível rejeitá-los nas fronteiras comuns, em coordenação com os vizinhos europeus.
O objetivo desta medida é conter o afluxo de migração irregular e reduzir os encargos para as autoridades alemãs.
Promoção orientada da integração
Apesar da maior limitação da migração, a integração continua a ser uma componente essencial da nova estratégia. A CDU, a CSU e o SPD estão a concentrar-se cada vez mais em medidas que contribuam para uma integração bem sucedida das pessoas que já vivem na Alemanha. Isto inclui a expansão de centros de acolhimento de línguas e a continuação do programa Startchancen, que promove a igualdade educacional.
Uma nova caraterística é a introdução de um acordo de integração obrigatório que regula claramente os direitos e as obrigações dos imigrantes, tornando assim os esforços de integração mais transparentes e vinculativos.
Facilitar a imigração de mão de obra qualificada
Outra prioridade da nova política de migração é o recrutamento de mão de obra qualificada. Se, no passado, os obstáculos burocráticos e os longos procedimentos de reconhecimento dificultavam consideravelmente a imigração de trabalhadores qualificados, a digitalização global destes processos deverá agora constituir uma solução.
O reconhecimento profissional é explicitamente integrado nos novos procedimentos, de modo a que os trabalhadores qualificados possam encontrar mais rapidamente o seu lugar no mercado de trabalho alemão.
Supressão dos programas de admissão voluntária
A decisão de pôr termo, sempre que possível, aos programas federais de admissão voluntária constitui uma rutura clara com a política anterior. Trata-se, nomeadamente, dos programas de admissão de pessoas em risco provenientes de zonas de crise como o Afeganistão. De futuro, não serão lançados novos programas deste género.
Reagrupamento familiar e repatriamento
Outro domínio que também sofreu alterações significativas foi o do reagrupamento familiar. Embora anteriormente fosse possível para as pessoas com direito a proteção subsidiária em determinadas condições, o reagrupamento familiar está agora temporariamente suspenso. Esta medida deverá contribuir para limitar ainda mais o número de imigrantes.
Ao mesmo tempo, está a ser lançada a chamada "ofensiva de repatriamento". O objetivo é aumentar significativamente o número de regressos. Para o efeito, será possível deter pessoas para assegurar a sua deportação. A tónica é colocada sobretudo nos delinquentes e nas pessoas perigosas.
As deportações para o Afeganistão e a Síria vão ser retom adas - começando pelas pessoas destes grupos de risco.
A reforma do GEAS e os seus efeitos
Um aspeto importante da nova política de migração é a aplicação da reforma do Sistema Europeu Comum de Asilo (SECA). O SECA tem por objetivo normalizar e tornar mais eficazes os procedimentos de asilo na UE. Até à data, as normas e os procedimentos têm variado muito entre os Estados-Membros da UE, o que conduz aos chamados "movimentos secundários", ou seja, a continuação da migração dos migrantes na UE após o seu contacto inicial com o sistema de asilo.
A nova coligação planeia transpor o GEAS para a legislação nacional e, assim, uniformizar os procedimentos, o que deverá conduzir a uma maior clareza e a uma tramitação mais rápida dos processos de asilo.
Regulamentação dos Balcãs Ocidentais e suas limitações
Outro ponto fundamental diz respeito ao chamado regulamento dos Balcãs Ocidentais. Este regulamento permite que as pessoas dos Estados dos Balcãs Ocidentais venham para a Alemanha sem pedir asilo, se tiverem uma oferta de emprego concreta. Embora este regulamento tenha sido anteriormente concebido para 50.000 pessoas a partir de 1 de junho de 2024, o novo governo está agora a planear limitar novamente esta migração a 25.000 pessoas por ano. O objetivo é melhorar o controlo e a gestão destes fluxos de imigração.
Introdução do cartão de pagamento
A fim de evitar a utilização abusiva das prestações pecuniárias dos requerentes de asilo, está a ser introduzido um cartão de pagamento normalizado a nível nacional. O objetivo é garantir que as prestações do Estado sejam utilizadas para o fim a que se destinam e evitar que estas disposições sejam contornadas.
Cooperação coerente com os países de origem
Outra prioridade consiste em aumentar a pressão sobre os países de origem para que aceitem os seus cidadãos em caso de repatriamento. Para tal, a vontade de cooperação destes países deve ser reforçada através de medidas específicas como a emissão de vistos, a cooperação para o desenvolvimento e os acordos económicos. A planeada retoma das deportações para o Afeganistão e a Síria, que deverá começar com o repatriamento de criminosos e indivíduos perigosos, é particularmente controversa.
Alargamento dos países de origem seguros
A lista de países de origem seguros deverá ser continuamente alargada no futuro. Tal deverá contribuir para acelerar os procedimentos de asilo para as pessoas provenientes destes países e para rejeitar de forma mais consistente os pedidos não autorizados.
Reforma da lei da nacionalidade
A lei da nacionalidade também será alterada.
A nova coligação tenciona mandar proceder a uma revisão constitucional para determinar se é possível revogar a cidadania alemã de extremistas, apoiantes do terrorismo e anti-semitas com dupla nacionalidade. A condição prévia para tal é que essas pessoas defendam ativamente a abolição da ordem básica livre e democrática e tenham também uma segunda cidadania.
O objetivo desta medida é tomar medidas mais decisivas contra aqueles que põem em causa os valores fundamentais da sociedade alemã.
Conclusão
A nova política de migração combina medidas de restrição acrescidas e regulamentação mais rigorosa para a migração irregular com incentivos específicos para a imigração de mão de obra qualificada e medidas de integração melhoradas.
Embora muitas destas medidas visem uma gestão e um controlo mais eficazes, as medidas destinadas a promover a integração e o acesso ao mercado de trabalho continuam a ser elementos-chave da estratégia.
As medidas previstas ilustram uma mudança de rumo no sentido de um equilíbrio entre a responsabilidade humanitária e a garantia da estabilidade social e económica.